A pesquisadora Sabine Righetti adotou o livro “Políticas Educacionais no Brasil: o que podemos aprender com casos reais de implementação?” com seus alunos da graduação em Administração Pública na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. Apresentou o material, disponível em PDF para download gratuito, e durante um mês em 2019, na disciplina Avaliação de Políticas Públicas, o foco das aulas foi a experiência da secretaria estadual do Amazonas. “Esse é um caso interessante porque trata do ensino com mediação da tecnologia para populações ribeirinhas. Foi importante discutirmos e conhecermos formas de resolver desafios que são muito distantes daqueles da capital paulista, onde moram os alunos”, conta a educadora (na foto abaixo, com Rossieli).
Ela planejou as atividades baseadas no livro para quatro aulas: na primeira, a turma leu o capítulo que apresenta o caso e discutiu sobre ele. Na segunda, a professora propôs que os alunos buscassem indicadores para análise. Na terceira aula, os estudantes deveriam preparar questões para uma conversa com Rossieli Soares da Silva, que atuou na secretaria estadual do Amazonas no momento descrito no livro, entre 2006 e 2012, parte deste tempo como secretário.
Pelo combinado, os alunos deveriam simular o papel de consultores da política pública implementada pela equipe de Rossieli e fazer questionamentos sobre as decisões. Na aula seguinte, o político, que também foi Ministro da Educação e é secretário estadual de São Paulo, esteve na aula. “Conversar com quem atuou diretamente na política faz com que o estudo de caso fique ainda mais completo, porque é possível trocar ideias e tirar dúvidas sobre os posicionamentos”, conta Sabine. Na aula seguinte, grupos de cinco estudantes foram formados para registrar as avaliações que fizeram da política, em que deveriam recomendar sua manutenção, descontinuidade ou quais alterações seriam feitas.
Beny Engelberg, estudante da disciplina ministrada por Sabine, disse que o estudo com o livro complementou o lado teórico das aulas. “Nós, como futuros gestores, vimos que é possível pensar em algo que transforme a vida das pessoas. Ao estudar o caso do Amazonas, conhecemos os arranjos necessários para resolver problemas que parecem sem solução”, conta o rapaz de 23 anos.
“Existe pouca literatura sobre avaliação de políticas públicas no Brasil, e não conheço outro livro que mostre experiências educacionais em formato literário e com o detalhamento da tomada de decisão no ponto de vista do gestor. Por isso, acredito que essa foi uma forma inovadora de trabalhar políticas públicas”, conta Sabine, que atualmente é professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pretende incluir novamente o livro em suas disciplinas.